segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Não me neguem a poesia

Neguem
Neguem-me o pão
O vinho
O suor e a lágrima

Neguem-me a verdade
O realismo real da realidade

Neguem-me até a prosa e o canto

Neguem-me a casa e o chão

Neguem-me a pureza da alma!

Oh, se me podem negar as encruzilhadas e os destinos da vida!

Pode-me negar o brilho do sorriso de um ser infantil
O voo cantante das andorinhas que só vêm na primavera
O cantar do grilo nos campos verdejantes de uma noite de Verão
Até um profundo e desalmado toque, e corte, e sangue que vive e corre no coração

Mas, não me neguem a poesia!

Não me neguem as páginas, os versos e versículos da poesia e dos poetas
Não me neguem a pena com que se escreve os dias, as noites, as madrugadas de luar às estrelas

Por favor, não me neguem a linha da poesia viva, e pura, e santa e santificada com que se dá de beber à mais subtil caligrafia imaginada que escorre pelo confim do pensamento e se transforma no verso imenso do rio, praia, oceano de corações onde tudo vive, è vida, palpita e pulsa; qual dança cósmica na unidade de múltiplas faces do Ser, eterno

Sem comentários:

Enviar um comentário